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Família viaja 150 km até Niterói após ataques de morcego

Duas crianças foram mordidas por um morcego na última segunda-feira (10) em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Após o episódio, elas ainda precisaram peregrinar quase 150 km por diversos hospitais municipais e um particular, junto aos responsáveis, em busca de vacina antirrábica e soro antirrábico.

Este segundo medicamento estava em falta nos quatro ambulatórios procurados pela família em cidades vizinhas, sendo que ele é necessário para a continuação do tratamento. "Em todos os locais nos informaram que não tinha esse soro", disse a mãe das crianças, Ruth Silva, de 31 anos.

Segundo ela, o filho mais novo, Enzo Victor Silva Galdino, de 5 anos, que foi mordido no cotovelo, conseguiu a aplicação da vacina antirrábica no Centro de Saúde Oswaldo Cruz, em Cabo Frio, no mesmo dia. Já o mais velho, Kauã Max Mendes, de 13 anos, mordido nas costas, foi vacinado no Hospital São Vicente de Paula, em Araruama.

Cerca de 36 horas após o caso, os meninos finalmente conseguiram aplicação do soro antirrábico no Hospital Municipal Infantil Getúlio Vargas, também conhecido como 'Getulinho', no Fonseca, Zona Norte de Niterói, depois de uma busca na internet por hospitais que aplicavam o soro.

"Ligamos para a Policlínica Regional do Largo da Batalha e no dia 11 [terça-feira] fomos muito bem atendidos por toda a equipe que preparou tudo pra gente e encaminhou os soros para o Hospital Municipal Infantil Getúlio Vargas [no Fonseca]. Foi um excelente atendimento e saímos satisfeitos", comentou a mãe, aliviada.

Ruth disse que após tomar a vacina e o soro, os filhos tiveram dor de cabeça e enjoo forte. Ela acredita que tenha sido algum tipo de reação ao soro e contou que está observando. A Prefeitura de Niterói, por meio da Fundação Municipal de Saúde, foi procurada, mas ainda não respondeu se o soro pode causar algum tipo de reação.

Antes de Ruth conseguir atendimento para as crianças nesta unidade municipal de Niterói, ela informou que recorreu a um hospital privado em Cabo Frio, por meio de um plano de saúde. No entanto, garantiu que foi informada por profissionais do local que "nada poderia ser feito e que o caso era uma questão de saúde pública".

O caso

Na manhã de segunda (10) Kauã foi surpreendido pelo morcego no banheiro da casa, que fica na região da Macedônia, próximo à Praia dos Anjos. O bicho avançou no menino, que se defendeu com as mãos, chamando o pai em seguida.

Chegando no quarto dos filhos, os pais se depararam com manchas de sangue na parede e na cama das crianças.

"Achamos estranho e imaginamos que o morcego tinha pego Enzo, mas nem reparei no Kauã e ele também não sentiu. Só mais tarde que pedi para um amigo ir lá na escola verificar e aí vimos que ele estava ferido nas costas. Nenhum dos dois sentiu a mordida", contou Ruth.

Em uma publicação feita em rede social, a mãe relatou de forma detalhada toda a situação. No post ela disse que sabendo que o morcego pode transmitir a Raiva Humana que é altamente letal, tratou logo de buscar por tratamento médico.

Procuradas, as prefeituras de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Araruama, responsáveis pelas unidades municipais de saúde que não tinham o soro, não se pronunciaram sobre o caso.

Confira o relato de Ruth Silva na íntegra:

"Ataque de Morcegos em Humanos"

Na manhã desta segunda-feira dia 10/02/2020 aqui em Arraial do cabo, meu filho mais velho foi surpreendido por um Morcego ao entrar no banheiro de casa.

Ao verificarmos no quarto onde o nosso filho mais novo estava dormindo percebemos várias manchas de sangue pela cama e encontramos mordidas do morcego nas duas crianças.

Sabendo que o morcego pode transmitir a Raiva Humana que é altamente letal ou seja, leva a morte da pessoa em quase 100% dos casos e sabendo que ela é tratada com aplicações de vacina antirrábica e soro antirrábico, rapidamente buscamos por tratamento médico.

A partir desse momento partimos para o Hospital Santa Isabel em Cabo Frio com o plano UNIMED onde informaram que nada poderia ser feito. Pediram para irmos por conta própria ao Centro de saúde Oswaldo Cruz em Cabo Frio para aplicação da vacina anti-rábica, e assim foi feito, porém ainda faltava como parte do tratamento a aplicação do SORO ANTIRRÁBICO mas nos informaram que não tinha do soro em Cabo Frio.

Após a aplicação da vacina nos mandaram para Arraial do Cabo por sermos moradores da cidade, e no Hospital Geral de Arraial do Cabo fomos informados que provavelmente o SORO seria encontrado no Hospital São Vicente de Paula em Araruama, e disseram que não estavam conseguido entrar em contato com o hospital São Vicente e não poderiam mandar uma ambulância para nos levar até Araruama por esse motivo.

Fomos orientados pela médica para irmos ao Hospital São Vicente por conta própria! Assim fizemos porque não podiamos ficar esperando devido a gravidade da situação, mas ao chegar em São Vicente não havia o soro no hospital e fomos informados que talvez chegaria na Sexta-feira dia 15/02.

Na volta para Arraial do Cabo passamos pela UPA pediátrica de São Pedro da Aldeia e fomos informados que nada poderia ser feito no local.

No dia 11/02, ontem, buscamos por informações e nos dirigimos em busca do soro para a cidade de Niterói, na Policlínica Regional do Largo da Batalha onde fomos muito bem atendidos por toda a equipe que preparou tudo e que por sinal ficou indignada pela falta de preparo e descaso ocorrido na Região dos lagos.

Da Policlínica fomos encaminhados para o Hospital Municipal Infantil Getúlio Vargas Filho também em Niterói onde as crianças foram finalmente medicadas com o soro antirrábico, isso 36 horas após as crianças serem mordidas pelo morcego.

Após os fatos relatados as perguntas que faço são as seguintes:

E se nós não tivéssemos conhecimento e condições de arcar com as despesas dessas viagens?

Se outra pessoa for mordida por um morcego ou algum outro animal em que haja a necessidade de utilizar o soro antirrábico em nossa região o que será feito?

A saúde privada e pública da região dos lagos estão preparadas para um caso desses ou similar que pode levar a óbito?

Sem mais,

Fica o alerta a população e os questionamentos as autoridades competentes. (Sic).

< Manifestação interdita trecho da BR-101, em SG Fiscalização mais rígida em quiosques da orla de Niterói <